Em setembro de 1972, a AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas) lançou a
campanha “Povo Desenvolvido é Povo Limpo”. O criador foi Ruy Perotti Barbosa,
sócio proprietário da empresa Linxfilm. Ruy, que era ilustrador, “deu vida” ao
personagem Sujismundo, que tinha jeito e rosto simpáticos, mas era descuidado,
desleixado e não se preocupava com higiene – nem a sua própria, nem dos
ambientes.
Foram veiculados quatro filmes –
entre 60 e 90 segundos – na televisão e no cinema, e produzidos jingles e
cartazes. No material abordavam-se aspectos de limpeza e higiene pessoal.
Pretendia-se atingir toda a população, mas o alvo principal eram as crianças –
pela facilidade de mudar seus hábitos, em relação aos adultos. Para a AERP, a
campanha deveria ser permanente, para que as pessoas não esquecessem as
“dicas”; caso contrário, a campanha teria sido inútil.
A linguagem de desenho animado foi considerada
inovadora para a época, e gerou muita polêmica, também: acreditava-se que o
desenho não possuía força suficiente para impactar o público. Logo após ser
lançada, outras polêmicas surgiram em torno da campanha, principalmente em
relação a sua eficiência e ao slogan. A campanha foi retirada do ar em 15 de
novembro de 1972, e o impacto do cancelamento também foi imediato. O jornal O
Estado de São Paulo publicou, no mesmo dia:
“Se, de fato, “povo desenvolvido é povo limpo”, Roma, Nova York e São Paulo deverão ser classificadas como capitais subdesenvolvidas [...] o governo federal não deve ter atentado para a fragilidade da vinculação limpeza-desenvolvimento, evidente em pelo menos três exemplos. Mas, se a afirmativa governamental é certa, fica o desalento de uma implacável verdade: não há limpeza; logo, não somos desenvolvidos”.
Defendendo seu personagem e
a campanha, Ruy Perotti Barbosa questionou aqueles que diziam que Sujismundo
incentivava a permanência dos maus hábitos e afirmou que, no último filme, o
personagem deveria se regenerar e aprenderia a ser limpo e consciente.
A campanha voltou ao ar em
outubro de 1973, mas com algumas mudanças devido à pressão feita pelo governo.
Sujismundo apareceu menos simpático, ao lado de Sujismundinho, uma criança que,
ao longo das peças, se regenerava e deixava de lado as características do
personagem principal.
Apesar da censura às reportagens,
propagandas e manifestações, é nesse período que proliferam as revistas masculinas,
e surgem os conceitos de responsabilidade social e ambiental da publicidade, o
código de auto-regulamentação publicitária e a regulamentação da profissão. É
também desse período o primeiro Encontro Nacional de Criação, a modernização
das agências e o reconhecimento do marketing como elemento indispensável para o
desenvolvimento mercadológico.
A década de 70 foi um período no qual
parte da cultura virou voz da realidade, que falava o que não podia ser dito a
quem quisesse ouvir. Foi como se, de repente, o mundo passasse a ser dos jovens,
que se entusiasmaram pelas mais diversas novidades e podiam ser divididos em
dois grupos: os que estavam preocupados em se descobrir e os que estavam
engajados em alguma causa social.
O personagem Sujismundo ficou
conhecido em todo o país e conquistou por ser simpático e desajeitado. A
campanha, um marco da década de 70, resultou na valorização da educação e da
informação como componentes de mudança comportamental.
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Grupo 8 - Flávia Baumel, Jeferson Rudnik, Nicolle Nogarolli e Patricia Hoça
COLUSSI, Eliane Lucia; BALBINOT, Valmíria Antonia. Propaganda e educação sanitária na década de 1970: “Povo desenvolvido é povo limpo”. Anos 90, Porto Alegre, v. 15, n. 28, p.253-275, dez. 2008
Site Portal São Francisco: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-da-propaganda/historia-da-propaganda-4.php
Site Uma Coisa e Outra: http://www.umacoisaeoutra.com.br/marketing/socorro1.htm
Site Memória da Propaganda: http://www.memoriadapropaganda.org.br/Expos/500Anos.html
Blog Anos 70: http://anos70-tai.blogspot.com.br/2009/08/julio.html
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