E isso não deixaria de influenciar a propaganda. Por um lado, ela é sofisticada, criativa, inteligente, [lembrando a inglesa]. Por outro lado, ela
ainda se dirige a grupos sociais que mal conseguem satisfazer as suas necessidades mais primárias. Talvez por causa disso, ela [a propaganda], às
vezes, se mostre contraditória ou incoerente. O que acabou influenciando na forma de vender um produto. Essa contradição toda acontece por
causa das influências de fora e o que estava rolando aqui e no mundo àquela época, como:
- Realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, [em 1950].
- A realização da primeira Formula 1, [em 1950].
- A inauguração da I Bienal Internacional de Arte de São Paulo.
- Foi em SP, também, que surgiu (em 1951) a 1ª escola de propaganda do Brasil, a hoje, ESPM
- Elizabeth II torna-se rainha da Inglaterra [em 6 de fevereiro de 1952].
- Inicia a escola Pop Art (principal nome: Andy Warhol – lata de sopa e Marilyn Monroe); usava-se muito a técnica da serigrafia [1954];
- Criação da Petrobrás, [em 1953].
- Suicídio do presidente do Brasil Getúlio Vargas [Em 24 de agosto de 1954].
- Fidel Castro torna-se presidente de Cuba [Em 1959, ocorre a Revolução Cubana.].
- Elvis Presley começa a fazer sucesso [em 1956].
- O estilo musical brasileiro Bossa Nova começa a fazer sucesso.
- No final da década de 1950, é formada a banda de rock Beatles.
- E é também, em 1950, que inaugura a TV Tupi, primeiro canal de televisão da América Latina.
Nesse emaranhado de cultura é que a publicidade brasileira vai se moldando. As propagandas daquela época, por exemplo, são consideradas discursivas
(com muito texto) e pouco criativas por nós. Mas, em sua época, elas cumpriam uma função educativa essencial. Os redatores daquele tempo partiam do
princípio de que todo anúncio deveria ter uma justificativa racional para a promessa de vantagens ou benefícios contida nos títulos e subtítulos. Cabia aos
artistas interpretarem esta mensagem, dispondo-a da forma mais clara possível no leiaute. Só bem mais tarde percebeu-se que a ilustração poderia
expressar a ideia melhor do que as palavras.
Veículos de comunicação nos anos 50
Anos 50, anos dourados, ano da revolução do rádio no Brasil. Com ele surgem os jingles, os programas de auditório e os cantores de rádio, grandes paixões
de nossas bisavós. Mas chega um presente que revoluciona a história brasileira, a tão esperada TV. Com o videoteipe, mudam os comerciais, muda a
propaganda.
Em 1950 é inaugurada em São Paulo a TV Tupi (Canal 4). Era a primeira emissora de televisão brasileira, também a primeira da América Latina. O fato de
ser uma empresa do Grupo Associados, sem dúvida uma iniciativa pioneira, deveu-se ao talento e à visão de Assis Chateaubriand
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand). O fato de isso acontecer foi consequência do desenvolvimento da nossa indústria de bens de
consumo, pois nós estávamos adiantados. Mas, naquele mesmo ano, o governo dos Estados Unidos autorizava o funcionamento da televisão em cores no
seu país. Guardadas as proporções, começamos uma nova era de eletrônica. Importando filmes em latas, produzindo ligeiríssimos programas, fazendo
comerciais ao vivo – onde, na sua glória breve e decadência tão rápida, a garota-propaganda foi um dos poucos mitos criados pela publicidade no Brasil.
Como eram esses antigos comerciais tomados ao vivo?
Na maioria, eram demonstrações de produto, carinhosamente alisados, enquanto as anunciadoras declamavam as suas virtudes.
O que diziam?
Verdadeiras plataformas de texto, somente faladas, muitas vezes simples estratégias de produto ou proposições de venda. O lado criativo? Estava
submerso na avalanche de razões de compra, mal repontava aqui e ali. A oportunidade de se mostrar o produto em exercício, aliada a um princípio de
competição, afastava o solto descompromisso da propaganda em nossa fase anterior. E não apenas na TV, nos jornais, nas revistas também.
Nota extra:
Outro veículo de comunicação que surgiu com muita força nos anos 50 foi a Revista “O Cruzeiro”. Fundada em 1928, a revista era propriedade do
advogado Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, homem muito influente na época. Foi projetada com o intuito de ser a mais moderna publicação do
Brasil, tendo sua circulação semanal, chegou a mais ou menos 700.000 exemplares entre o meio e o final da década de 1950. O Cruzeiro era marcado pela
variedade e ampla difusão de imagens, a revista trazia muitas fotografias coloridas e desenhos, textos de leitura rápida e fácil compreensão. Possuía uma
multiplicidade de assuntos, dentre eles, política, esportes, cultura, ciência, curiosidades.
A mulher:
A mulher ideal na década de 50 era a dona de casa obediente em primeira instância ao pai e posteriormente ao marido. O perfil feminino da época
destacava a pureza, a doçura, o instinto materno, a fidelidade, a submissão. Deste modo, o marido tinha por responsabilidade trazer o sustento a casa e, a
mulher, tratar dos assuntos domésticos e cuidar dos filhos.
Neste período, as primeiras agências publicitárias foram instaladas no país acompanhadas da inserção de novos produtos, principalmente, das áreas de
cosméticos e eletrodomésticos. Com base no apresentado, verifica-se que os anúncios publicitários em sua grande parcela eram voltados ao público
feminino uma vez que buscavam criar novos hábitos em termos de saúde, higiene e cuidados com o lar.
Muitos produtos foram adaptados e outros criados com base na eletricidade. Os principais produtos foram: ferro elétrico, fogão, chuveiro, liquidificador,
máquina de lavar roupas, aspirador de pó, entre outros. Em razão do exposto, os anúncios de eletrodomésticos mostravam a figura da mulher utilizando o
aparelho e ressaltando sua função e benefícios.
Mas há também o outro lado da história: as mulheres eram donas de casa, mas queriam ser lindas e era “exigido” isso também. Já que o surgimento dos
eletrodomésticos diminuiu o período de trabalho, as mulheres tinham tempo para se ocuparem com outras coisas. Desde que Marilyn Monroe declarou usar
tão somente duas gotas de Chanel nº5 para dormir, o perfume passou a ser um dos objetos de cosméticos mais desejados do mundo.
Neste contexto, a maquiagem estava na moda e surgiram novos produtos cosméticos, tais como: delineador, rímel, lápis para olhos e sobrancelhas,
sombras de todas as cores. Já os anúncios de produtos de beleza evidenciavam moças jovens e lindas frisando o efeito do produto e a procura da beleza
perfeita.
A marca Leite de Rosas, no meio desse boom na beleza, inovou na propaganda nacional usando em seus anúncios moças em trajes de banho. Nos anos 50,
patrocinou o concurso de Miss Brasil. Isto significa que as beldades não somente usavam os maiôs Catalina como cheiravam a Leite de Rosas. Ela está no
mercado há 84 anos (desde 1929) e continua sendo usado como hidratante e demaquilante.
Pesquisa do Provoc discute movimento feminista no Brasil e na América Latina
A primeira das três ondas é caracterizada pelo movimento sufragista, que aconteceu no século 19 e demanda direito de voto. “Essa foi uma época da
história da República brasileira em que as mulheres lutavam pelo aumento de participação política”, explica a pesquisadora Marina Brito.
“Nas décadas de 50, 60 e 70, período em que o Brasil vivenciou a ditadura militar, duas vertentes do movimento feminista surgiram. Uma delas, muito
ligada aos movimentos na França, lutava pelos direitos civis de forma geral, cujo ápice foi a luta pela causa das minorias, negros, mulheres e
homossexuais. Outra vertente discutia principalmente a situação subordinada das mulheres em todos os aspectos da vida, devido ao patriarcado, à
dominação masculina, à falta de espaço no mercado de trabalho e a responsabilidade total pelos trabalhos domésticos”, explica a pesquisadora.
De acordo com o estudo, direitos que surgiram nessa época colaboraram para diminuir essa subordinação, entre eles o uso de anticoncepcionais, o
aumento da autonomia sobre o próprio corpo e o acesso às universidades.
Uma mulher que teve expressão nessa época foi a escritora Clarice Lispector. Durante os anos 50 e 60, escreveu para os jornais [Comício, Correio da
Manhã e Diário da Noite], ao lado de homens, o que demonstra sua influência nessa época cheia de pudores. Os textos tratavam do universo próprio das
mulheres da época, dando dicas de economia doméstica, receitas culinárias, saúde e, também, incitando mudanças no comportamento das leitoras. É um
retrato de hábitos e tendências da mulher brasileira nas décadas de 1950 e 1960.
Curiosidade:
OS 20 MAIORES ANUNCIANTES NO BRASIL – 1950
Coca-Cola Refrescos S.A.
SAS – Scandinavian Airlines Syste
Standard Electric
Cia Cervejaria Brahma
Produtos da Perfumaria Myrta S.A.
Gillette
Souza Cruz
General Electric
Coty
Sul América – Cia Nacional de Seguros de Vida
Banco Nacional de Minas Gerais
Café Paulista
Televisão Tupi
Shell
Industrias Alimentícias Carlos de Britto S/A
Aerovias Brasil
Agência Dubar da Cia. Antarctica Paulista
Refinadora de Óleos Brasil SA
SA de Perfumaria J. & E. Atkinson
Lever
E se...
...as redes sociais existissem nos anos 50, como seriam?
http://www.jumentrix.com.br/2010/08/como-seriam-sites-de-relacionamentos.html
Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=qEX8zaLFKgs
http://www.youtube.com/watch?v=j164p7gynkc
http://www.youtube.com/watch?v=0jZAbS-Sx8w
http://www.youtube.com/watch?v=sdzQUH28a1M
Fontes:
SOARES, A. C. O Uso da Imagem Feminina na Publicidade. Itajaí, 2006. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAMYwAJ/uso-imagemfeminina-na-publicidade>. Acesso em: 11 de Março de 2013.
http://www.suapesquisa.com/musicacultura/anos_50.htm
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro50anos/Livro_Anos_50.PDF
http://www.a2g.com.br/html/sub/sub_historia_propaganda.htm
http://www.infoescola.com/artes/pop-art/
http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/05/28/937543/conheca-marilyn-andy-warhol.html
http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/tag/a-feiticeira/
http://www.brigite.com.br/blog/?p=37
https://www.ufmg.br/online/arquivos/017170.shtml
http://www.claricelispector.com.br/